Se eu pedir para você pensar em um título de filme cuja tradução não tem nada a ver com o título original em inglês, certamente você lembrará de vários exemplos. Mas por que a tradução é tão ruim?
A resposta é simples: títulos não são traduzidos. Títulos são adaptados ou recriados. A distribuidora que adquire os direitos para exibir determinado filme no Brasil trabalha com uma equipe de marketing, que é a responsável pelas adaptações dos títulos. Isso significa que o pessoal do marketing não sabe inglês? Até pode ser, mas o mais importante é que o filme tenha um apelo comercial, que faça as pessoas saírem de casa para ir ao cinema.
Por exemplo, o filme “Se beber, não case!” deveria ser “A Ressaca” (The Hangover). Mas será que teria o mesmo efeito no público? Isso não acontece apenas no Brasil. Esse mesmo filme, em Portugal, foi intitulado “A Ressaca”, na Espanha “Ressaca em Las Vegas”, e na América Latina, “O que aconteceu ontem” – usando uma tradução livre do espanhol.
Portanto, todo e qualquer título de filme pode ser adaptado para o mercado onde será exibido, levando em conta a cultura, o público alvo e técnicas de venda. E o tradutor? Bem, o tradutor passa bem longe dos títulos de filmes. O tradutor não traduz títulos. No máximo (e se solicitado!), ele pode dar sugestões de como traduzir determinado título, mas a escolha final dificilmente caberá ao tradutor.
Então, da próxima vez que você assistir a um filme e não gostar do título, antes de sair por aí reclamando da tradução, lembre-se: títulos não são traduzidos. Você pode até não gostar da escolha do título, mas não é culpa do tradutor!